segunda-feira, 9 de novembro de 2009

O Movimento

Somos 13 milhões de estudantes espalhados por 645 municípios em mais de 10 mil escolas. Em nossos corações milhões de sonhos e uma vontade incontrolável de mudar o mundo.

Todos os dias nos encontramos em frente ao portão da escola, nos olhamos e entramos. Na sala de aula encontramos uma educação que não entendemos mas, por algum motivo, somos obrigados a estar ali.

Enfrentamos o autoritarismo de uma escola sem planejamento pedagógico. Salas sucateadas de uma educação jogada às traças sem o mínimo investimento. Mas o que temos é a esperança de mudanças e a coragem para transformar.

Muitos nos acusam de querer mudar tudo, deste crime somos culpados! Construir uma escola agradável, aprender com prazer e qualidade é o nosso sonho. E disposição não falta para fazer desse sonho a nossa realidade.

Sabemos que realizar nossos sonhos não será possível se estivermos sozinhos e é por isso que vamos juntar toda a galera: a que gosta de fazer parte do grêmio, a que curte esporte, a que faz teatro, música e até a galera que é ligada na net, para começar a construir essa nova escola. Isso tudo vai começar a rolar no 15º Congresso da UPES (União Paulista dos Estudantes Secundaristas).

Vamos nos encontrar por lá para falar das nossas angustias, apresentar nossas propostas, discutir e aprender muito sobre política, educação, debater e produzir cultura e esporte. Além de conhecer estudantes de todo o Estado com suas realidades e seus sonhos.

Somos a galera do movimento Arrastando toda a Massa, vamos contagiar as salas de aulas de todas as escolas de São Paulo. Faça parte de nosso movimento. Com disposição e propostas vamos sacudir São Paulo para mudar a educação!

Uma gestão que foi pra rua e aumentou o som!

Nos últimos dois anos foram muitas as lutas dos estudantes paulistas. Conseguimos falar alto e defender nossas idéias, seja nas escolas, nas passeatas ou nos espaços públicos de debate sobre a educação;

Hoje o movimento está mais forte e organizado. São mais de 60 UMES (Uniões Municipais dos Estudantes Secundaristas) organizando grêmios estudantis e nossas lutas em cada cidade do estado;

Participamos com protagonismo e autoridade da 1º Conferência de Juventude que debateu políticas para melhorar a vida dos jovens brasileiros. Fizemos parte da organização das etapas municipais e estadual da Conferência de Educação, debatendo com professores, diretores e gente do poder público os rumos da educação brasileira;

Lançamos a campanha Sou + Educação, uma iniciativa dos estudantes que pretende mobilizar diversos setores da sociedade paulista em defesa de uma nova educação, pública, gratuita, moderna e de qualidade;

Organizamos o CIRCUS (Circuito Cultural Secundarista) cujo lançamento será dia 20, 21 e 22/11 e vai reunir as diversas formas de manifestação cultural dos estudantes paulistas;

Fomos pra rua contra a privatização da CESP, pelo fim do vestibular, em apoio a greve geral dos professores, pelo passe-livre em várias cidades;

Realizamos uma reunião de diretoria ampliada junto com o seminário sobre gestão democrática;
Construímos uma grande campanha “se liga 16” que levou o debate político de cidadania para dentro das escolas e tirou mais de 15 mil títulos de eleitor;

Realizamos o 1° festival de dança estudantil em Sumaré;

Enfim, nesses dois anos ficamos muito antenados e nos colocamos a altura dos desafios necessários para mudar a cara da nossa escola, mas há muito ainda a fazer e ninguém poderá ficar parado.

SOU + EDUCAÇÃO: Quero uma escola moderna e com qualidade!

A educação pública em nosso país está sucateada e não corresponde às necessidades atuais, por isso é tão comum que o estudante não veja a escola como um ambiente agradável e necessário para seu futuro. Durante os últimos anos pudemos ver uma mudança de postura no governo brasileiro e alguns avanços como a aprovação do FUNDEB (o que aumentou o investimento para a educação básica) e a constituição dos IFET’s – Institutos Federais de Educação Tecnológicas – que buscam reintegrar o ensino técnico ao médio. Mas o problema é profundo, já faz muitos anos que a escola não acompanha as mudanças da sociedade e é necessário muito mais para construir a escola que sonhamos.

Por que o estado mais rico do Brasil tem os piores índices de educação?
Se no Brasil sentimos alguns avanços (mesmo que muito lentos) em São Paulo as coisas vão de mal a pior e a educação paulista atinge os piores índices nacionais.

Nós nunca tivemos a educação que sonhamos, mas foi nos últimos 15 anos que a educação de São Paulo foi entrando em um buraco cada vez mais fundo. Nesses 15 anos nosso estado foi governado pelo mesmo partido, o PSDB, e para desvendar o enigma de como o estado mais rico conseguiu ter um dos piores sistemas de educação precisamos entender o que esse partido pensa da educação.

Vamos começar olhando a nossa escola de perto. São tantos muros e grades que a estrutura física de nossa escola é idêntica a um presídio. As pixações a depedrações deixam claro que o estudante não se sente parte daquilo. Entre as profissões que exigem curso superior, o professor está entre as que possuem o salário mais baixo e um educador precisa dar aulas em duas ou três escolas para conseguir sobreviver, ficando com pouco tempo para se dedicar à sua formação e no preparo de aulas criativas que envolvam os estudantes com mais clareza e prazer. São raras as escolas que possuem laboratórios, salas de informática e bibliotecas abertas aos estudantes. Os conselhos de escola não funcionam e sua eleição é desconhecida de todos. Não há prestação de contas das APM’s e existem casos de cobranças ilegais como pela venda de uniforme obrigatório, por exemplo. As apostilas cridas pelo atual governador José Serra não tem nada a ver com nossa realidade e apresenta um conteúdo cheio de erros que descortina o total desinteresse do governo pela educação pública.

Para o PSDB assim deve ser a escola para o povo. Enquanto isso, o governo estadual mantém alguns centros de excelência que exclui o povo e abriga apenas a parcela mais elitizada da população. Esse é o caso da USP, da UNESP e da UNICAMP, essas universidades provam que é possível ter uma educação pública de qualidade, o problema é que elas excluem a maior parte da juventude: os filhos e filhas dos trabalhadores e trabalhadoras paulistas.

E quando terminamos a escola, o que acontece com a gente?
Na USP, na UNESP e na UNICAMP não conseguimos entrar. O vestibular é uma barreira e em quase nada serve para medir a capacidade dos estudantes, seu conteúdo não tem a ver com nossa realidade e testa somente a capacidade de memorização, privilegiando aqueles que tiveram condições de fazer um cursinho e decorar um monte de formulas e conteúdos através de musiquinhas ou trocadilhos.

As altas mensalidades das melhores universidades privadas também impedem nosso ingresso e precisamos contar com a sorte de conseguir um bom emprego para podermos usar a maior parte de nosso salário para a mensalidade de uma universidade privada cuja qualidade muitas vezes é contestada.

Tudo isso tem que mudar. A escola deve ser o principal lugar de convívio e de formação da juventude. O que queremos é que todos possam ter acesso, através da rede pública e gratuita, a um ensino moderno, que nos prepare e proporcione a formação intelectual necessária para estarmos aptos a contribuir para um país e um mundo melhor. Nós devemos ter mais autonomia e mais espaço para influenciar na vida escolar, afinal é o nosso futuro que está em questão. Queremos unificar o ensino técnico e o médio, ampliar o número de anos para concluir o ensino básico e valorizar a escola como espaço de vivência, proporcionando o acesso ao esporte, à cultura e às atividades extras que enriquecem a vida escolar. No ensino médio, sem prejuízo das disciplinas obrigatórias, devemos ter a chance de escolher uma parte das matérias da nossa grade curricular pois se seu sonho é ser engenheiro seu ensino médio deve ter mais ênfase em exatas, se é ser médico deve ter em biológicas.

A direção da escola deve estar ligada à realidade dos professores, estudantes e comunidade onde a escola se situa. Defendemos uma gestão democrática com a participação de todos e garantia espaço e liberdade para o grêmio e eleições diretas para a escolha dos diretores das escolas.
Para reduzir as desigualdades no ingresso ao ensino superior defendemos a reserva de 50 % das vagas por curso e por turno para estudantes oriundos de escolas públicas e o fim do vestibular com a adoção de um novo mecanismos que avalie o estudante de maneira completa e leve em conta o histórico escolar.

• Mudar o caráter do ensino médio, ampliar os anos para a conclusão, unificar o médio ao técnico e permitir, ao estudante de ensino médio, a escolha de parte de seu currículo
• Gestão democrática com garantia de liberdade e espaço para o funcionamento dos Grêmios Estudantis e eleição direta para diretores das escolas
• Ampliação das vagas no ensino superior público, ampliação do Pro-Uni e apoio a proposta de reforma universitária da UNE (União Nacional dos Estudantes)
• Fim do Vestibular, adoção do ENEM reformulado com aplicação de avaliação seriada a partir do primeiro ano do Ensino médio e adoção do histórico Escolar na nota final.
• Reserva de 50% das vagas por curso e por turno para estudantes oriundos de escolas públicas.
• Merenda nos três períodos da escola.
• Defesa do ensino noturno, contra o ataque do governo José Serra que fechou 30 mil vagas
• A campanha Sou + Educação pode ser um grande instrumento na luta por uma nova educação em São Paulo, são muitas as pessoas que lutam por uma nova educação diferente, de qualidade e gratuita para todos, queremos unir todos em torno dessa luta que é de todo povo paulista, precisamos ampliar essa campanha e agregar todas as entidades e associações, professores, diretores e comunidade e construir uma larga frente em defesa da educação paulista.

Pro-Uni: Uma conquista dos estudantes.

O Programa Universidade para Todos – PROUNI – mudou a cara da universidade brasileira. Muitos jovens que hoje estariam fora do ensino superior conseguiram realizar o sonho de ingressar na universidade. São jovens que nunca se acomodaram e não desistiram de perseguir seus objetivos. Agarram as poucas oportunidades que lhe são dadas nas unhas e uma vez dentro da universidade engrossam as fileiras daqueles que lutam por uma nova universidade e por um novo Brasil.

50 % do fundo do Pré-Sal para a educação

As receitas geradas com a exploração das enormes reservas de petróleo recém descobertas na camada pré-sal tem o potencial de descortinar um novo período para o Brasil e resolver problemas históricos do país, ajudar a superar as desigualdades e, entre outras coisas, financiar a construção de uma educação nova, do jeito que sonhamos, permitindo uma formação completa e de qualidade. É por essa expectativa que a UPES junto com a UBES, as UMES e todo o conjunto dos estudantes deve levantar bem alto sua bandeira e reivindicar que 50% do fundo social a ser criado com o pré-sal seja investido na construção da educação pública, gratuita e de qualidade para todos!

Passe-Livre já

Um dos grandes motivos pela evasão escolar é a dificuldade de mobilidade gerada pelas altas tarifas e má qualidade do transporte nas cidades de nosso estado. Além disso, essa dificuldade de locomoção impede o acesso a meios culturais e esportivos longe de nossas casas e dificulta ainda mais uma formação completa.
É parte da política de acesso a uma educação gratuita e de qualidade garantir a mobilidade dos estudantes. Por isso defendemos a gratuidade no transporte para estudantes nos municípios de nosso estado além da melhoria na qualidade do serviço oferecido.

Por uma UPES grande e organizada: Movimento de todos construído por cada um!

Pensamos um movimento do tamanho de São Paulo, que caiba todos os estudantes com as suas diferentes formas de atuação. Só um movimento grande é capaz de ter o protagonismo que São Paulo precisa.

O movimento estudantil começa em nossa escola. Temos que organizar o grêmio estudantil com a nossa cara, debatendo os principais problemas de nossa realidade e mudando o ambiente escolar.

Mas o que o grêmio faz?
Não são poucos os problemas que a galera enfrenta hoje, as minas engravidam na adolescência sem o mínimo planejamento, a droga é muito sedutora quando não encontramos formas de lazer, esporte e cultura e não temos perspectivas de um futuro próspero, muitos de nós precisam entrar cedo no mundo do trabalho para poder ajudar em casa e somos obrigados a aceitar vagas de emprego que superexploram a juventude.

Você deve ter se perguntado o que o grêmio tem a ver com isso? Tem tudo! O grêmio precisa debater sobre tudo que atinge os estudantes, precisamos nos unir e construir uma realidade diferente. O grêmio organiza desde palestras que oriente a galera no dia a dia, com a nossa própria linguagem até festas, campeonatos e atividades culturais. Mas o grêmio deve estar ligado em tudo o que acontece e quando um direito do estudante for infringido, seja por um mau professor ou diretor ou até mesmo pelo prefeito, governador ou presidente da república, o grêmio tem que estar lá junto com as demais entidades estudantis e defender os estudantes.

Cada escola com um grêmio, cada município com uma UMES
Depois de organizados a escola se torna pequena para nossa ousadia, queremos mudar a cara também de nossa cidade e até de nosso país. Para podermos espalhar essas idéias e trocar experiências com estudantes de outras escolas organizamos a UMES (União Municipal dos Estudantes Secundaristas), assim poderemos construir atividades ainda maiores, aumentar nossa força e organizar todos os estudantes. Através da UMES entramos em contato com outras entidades de luta do povo, fazemos atividades que mobilizem a cidade e defendemos os estudantes junto ao poder público municipal.

• Realizar uma campanha de congressos escolares para debater a realidade da educação e da escola
• Duplicar o numero de UMES organizadas em nosso estado
• Construir coordenações regionais através das diretorias regionais das UPES em conjunto com as UMES para fortalecer a rede do movimento estudantil
• Todos os grêmios com salas, todas as UMES com sedes.
• Consolidação do CIRCUS (Circuito Cultural Secundarista)